quarta-feira, 11 de abril de 2012

Um estranho sentimento...

O dia começou como outro qualquer, 
mas como entender esse sentimento que me invade a alma e dilacera o coração?

Algo muito forte que eu nem sabia sentir apareceu de repente,
invadiu e não quer embora.

Não sei definir, muito menos explicar...
O que tanto eu lutei, neguei e até abandonei,
de repente se mostra mais forte do que tudo.

E eu me vejo refém dos meus próprios sentimentos
sem poder - e talvez sem querer - controlá-los.

Ódio...não; raiva...talvez; ciúme, inveja, saudade, alívio, liberdade, prisão...

E uma vontade de gritar, de chorar, de chamar,
pedir atenção, querer conversar...de mandar o tempo parar.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bem Vindo, 2012!

Dia 31 de dezembro, até ás 23h55, as pessoas à minha volta festejam e comemoram normalmente, como em um outro dia qualquer. Até então, porque a partir desse instante uma estranha energia parece invadir a todos. Começa um murmurinho, um olhar para o relógio, uma contagem regressiva, uma expectativa sem igual.

Parece que algo muito importante está prestes a acontecer ou que alguém muito importante está prestes a chegar. E, à meia-noite, ele chega: o ano novo! Com fogos, alegria, beijos, abraços e uma esperança que acho, só sentimos nesse momento.

Esperança. Esta é a minha palavra de 2012. Esperança de paz nos corações, amor entre as pessoas, justiça, honestidade, solidariedade, humildade, serviço, gratuidade e tantas outras virtudes que até parecem não fazer mais parte de nós, mas que eu sei que estão dentro de cada Ser Humano.

Enquanto via a beleza das luzes explodindo no céu, imaginei um mundo novo, sem guerra, rancor, ira. pobreza, dor, morte e injustiça. Se conseguimos imaginar, por que será que não conseguimos realizar? No momento em que 2012 chegou, deixou de ser novo. O ano só será verdadeiramente novo se fizermos coisas novas, diferentes.

Com atitudes, pensamentos e pré-conceitos antigos, tudo será como antes. Que, em 2012, deixemos de acreditar no fim do mundo e passemos a acreditar na renovação do mundo. Que, em 2012, deixemos de acreditar que a raça humana irá sucumbir, e nos deixemos tomar pela esperança de sermos - verdadeiramente - humanos.

Vitória. Essa é a minha outra palavra para 2012, porque eu sei que só sobrevirá à minha vida o que for bom. Que neste ano, eu e você possamos, como diria Madre Tereza de Calcutá, fazer com que todas as pessoas saiam de nossa presença melhores e mais felizes. Que não usemos mal as coisas boas, como dizia Santo Agostinho. 

Pelo contrário, que usemos bem as coisas más. E que, como aconselhava Santo Inácio Loyola, confiemos em Deus como se tudo dependesse exclusivamente Dele e, ao mesmo tempo, trabalhemos como se tudo dependesse exclusivamente de nós.

Feliz 2012!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Como aqueles que não queremos ao nosso lado podem nos ensinar tanto

“Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem [Mateus], numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?”. Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”” (Mt 9, 10-13).

Durante todo o tempo que passou entre nós, Jesus buscou levar o Reino de Deus a todas as pessoas, especialmente aos mais necessitados. Como bem disse Jesus, as pessoas que estão bem não precisam de cuidados, mas sim aqueles que estão doentes, ou seja, os que necessitam de ajuda e consolo. Estes receberam de Cristo todo o amor, a fraternidade e o serviço.

Jesus afirma, no discurso da montanha, que os que têm coração pobre e os que choram são bem aventurados e verão a glória de Deus em suas vidas. Ele também deixa claro, com suas palavras e mais ainda com suas atitudes, que entre os beneficiários do Reino de Deus estão os pobres. Não por mérito deles, mas pela situação de injustiça e exclusão em que se encontram, o que faz com que o Reino intervenha a favor deles.

Buscando concretizar as promessas de Cristo e o Reino de Deus no meio de nós, a Igreja tem como uma de suas prioridades o auxílio aos pobres. E entre as ações que a Paróquia São José Operário faz para dar sua contribuição a estes irmãos necessitados está a Pastoral de Rua, que aos sábados, com muito carinho, cozinha e entrega uma refeição a cada pessoa que está em situação de rua.

No final do ano, enquanto muito se fala em prosperidade, felicidade, saúde e paz, não podemos esquecer de que não são só nossos familiares e amigos que merecem presentes e desejos sinceros de um novo ano com muitas bênçãos e realizações. Precisamos lembrar daqueles que mais precisam, orar sempre por eles e, é claro, fazer com que nossas palavras não se percam, pelo contrário, possam ser colocadas em prática.

Com este objetivo e também a fim de proporcionar um lindo e agradável dia para aqueles que não têm um teto sob o qual viver, a Pastoral de Rua organizou – como faz todo fim de ano – um dia com os serviços, a atenção e o carinho e, principalmente, a dignidade que eles merecem. Na igreja Nossa Senhora de Lourdes, nossos irmãos foram os convidados especiais.

O evento aconteceu dia 11 de dezembro, no Domingo da Alegria. E a ocasião não poderia ser outra. Afinal, a grande recompensa do dia para todos aqueles que, com muita humildade, amor, gratuidade e serviço, ajudaram a realizar esta confraternização, foi ver a alegria no rosto destas pessoas; ver um sorriso sincero, tão difícil na rua.

As cerca de mais de 30 pessoas que compareceram à Igreja foram recepcionadas com um belo café da manhã. Depois todos ainda receberam roupas e calçados doados. Nossos irmãos de rua também tiveram o cabelo cortado e a barba feita. Depois de um bom banho, alguns ainda contaram com atendimento de Enfermagem e quem quis também deu início a um acompanhamento de assistência social.

Todos foram convidados a participar da Santa Missa, onde foram homenageados. Mas o dia não parou por aí. Todos que estavam presentes – tanto os membros da pastoral e do grupo jovem da N. Sr. de Lourdes, como aqueles em situação de rua - almoçaram juntos como verdadeiros irmãos que somos em Cristo.

Um show da banda Inspiração Divida, uma peça teatral encenada pelos jovens na igreja, e a partilha de um bolo dedicado aos nossos irmãos e aos 11 anos de Pastoral de Rua, tornaram a tarde ainda mais festiva e alegre. Mas os presentes que Deus ofereceu neste dia não foram apenas para eles. Bênçãos também foram derramadas em todos que trabalharam, pois foi uma ótima oportunidade para dar valor a tudo o que temos e também para saber um pouco mais da história de vida dessas pessoas e compreendê-las um pouco mais.

Há quase dez anos morando na rua, Juarez se sustenta catando latinha, com as quais ganha R$2 por quilo conseguido. Quando falta até o essencial para comer, a solução é ir à feira para conseguir uma xepa. Juarez deixou sua casa, em Nova Iguaçu, depois da morte de sua esposa. Mesmo com pai e filhos, Juarez vive sozinho, e, por conta própria, busca o pão e o sustento de cada dia.

Com 27 anos, Joelson Ricardo está a alguns meses na rua. O motivo: uma briga séria entre ele e o irmão. Joelson, que morava com o irmão e a avó, deixou o conforto de sua casa, para, segundo ele, “não piorar ainda mais a situação”. Ele que perdeu a mãe quando tinha 16 anos, diz que não há nada pior do que ver quem a gente mais ama indo embora.

Os jovens fazem parte de uma grande parcela da população de rua. Problemas na família e dificuldades de relacionamento, como foi o caso de Joelson, e envolvimento com drogas e com o crime são as principais causas que tiram os jovens dos seus lares. E foi justamente isso que aconteceu com Willian, de 28 anos, há dois, na rua. O jovem assume que o envolvimento dele com o crime foi o que o tirou do seio de sua família.

Mas Willian afirma de deixou a vida fora da lei, porém abandonado pela família, não tinha mais para onde ir e foi parar na rua. Mesmo se afastando das más companhias, os problemas e preocupações não cessaram. Há alguns meses, Willian e seus companheiros sofreram um atentado. Duas pessoas atiraram no grupo de moradores que dormia em uma calçada. Willian levou oito tiros, mas, graças a Deus, conseguiu sobreviver. Hoje, dorme durante o dia e passa as noites acordado.

Seu sonho hoje é conseguir um emprego e ter onde morar. “As pessoas não se dão conta, mas ter uma casa para morar é a coisa mais valiosa que existe, a única coisa que realmente importa”. Incrível como aqueles que nós geralmente não queremos ao nosso lado, podem nos ensinar tanto.











sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Dia de comemoração ou de vergonha?

Enquanto o Dia da Mulher se faz ser lembrado por todas nós e por eles também, entre muitos os dias festejados durante o ano, outro dia, que deveria ser tão falado quanto este, passa sem grandes alardes. Alguém sabe dizer o que se comemora neste dia 9 de dezembro? Se você não faz ideia do que seja, é sinal de que a discussão sobre o tema ainda precisa ser ampliada.

Hoje, é o Dia Internacional contra a Corrupção. Seria bom se não precisássemos desse dia. Mas ele existe. E mais forte ainda do que ele , é o que se pretende combater. Segundo dados do Banco Mundial, a corrupção movimenta USD$1 trilhão, por ano, no mundo inteiro. Só no Brasil, os recursos envolvidos em atos de corrupção no setor público federal são estimados em R$41 bilhões. 

Porém engana-se quem pensa que este é um "mal feito" - como diria nossa presidente - que atinge somente os políticos. A ética, ou a falta dela, também está presente no âmbito jurídico, legislativo, público, privado, empresarial e, principalmente, no nosso "jeitinho" de cada dia. A corrupção já está nas estruturas da sociedade. Mas quem disse que as estruturas não podem mudar? 


Como? Mudando a nós mesmos. Afinal de contas, as estruturas são feitas de pessoas. A luta pela honestidade deve começar nos pequenos atos, na nossa casa e entre nossos amigos. E depois, propagando nossos ideais e, mais ainda, fazendo-os valer no momento onde mais nos fazemos ouvir, onde a opinião de cada cidadão tem o mesmo valor: a hora do voto. 


Somente com representantes honestos e comprometidos com a melhoria real das cidades, estados e do pais poderemos dar educação, saúde, segurança e políticas públicas dignas a todos os cidadãos. Somente se buscarmos verdadeiramente uma sociedade igualitária, transparente e democrática, conseguiremos alcançá-la. E somente extirpando o mal da corrupção, essa utopia pode se tornar realidade.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Alguém conseguiria ler 12 mil livros por dia?

Ontem fiquei surpresa - como há muito tempo não ficava - com a revelação: se alguém resolver ver todo o conteúdo publicado na internet levaria seis anos, ou ainda, seria como ler 12 mil livros por dia. Como assim? Seis anos para ver o conteúdo produzido em um único dia?

Ou seja, se resolvermos acompanhar a grande teia mundial por um mês que seja, mesmo se batêssemos todos os recordes de longevidade, perderíamos nossa vida toda na frente de um computador. Muito louco isso, não? Por que, ou para que, se produz tanta informação quando se sabe que a maior parte disso não será absorvido?


E mais ainda. Como avaliar a qualidade do que é publicado? Ainda mais levando-se em conta que qualidade é algo bem subjetivo em muitos aspectos. Grande volume de informação, assuntos os mais diversos e inúmeros possíveis, boa parte do nosso tempo em frente ao computador, emissores e receptores sob novas perspectivas...

Esta é a "Era da Informação", tão falada e tão comemorada. Onde tudo está ao alcance de todos (pelo menos teoricamente). Onde qualquer um pode ser produtor e receptor. Inclusive eu, que aumento mais um pouco o volume de dados na rede. Obrigada pelo tempo dedicado. Ele é precioso!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Um país rico é um país com igualdades

"Um país rico é um país sem pobreza". Esse é o slogan do Governo Federal veiculado nas rádios e na TV. Até agora não entendi o porque da propaganda. O Brasil não é um país rico. Ou melhor, até pode ser rico, mas ainda é um país repleto de pobreza e acima de tudo de injustiças.

Essa é a única constatação possível após a divulgação dos dados do Censo 2010, que acabam de ser veiculados. Metade dos brasileiros são mágicos ou milagreiros. Como assim? Metade de nós vive com uma média salarial de R$334. Só sendo mágico ou tendo poderes sobrenaturais para conseguir uma façanha dessas.

Entretanto, não se pode confiar o futuro de uma nação à potencialidade - indigna - que as pessoas têm de se sobreviver com tanto pouco. O que é mais difícil ainda de entender é o fato de que enquanto mais de 50% dos nossos cidadãos vive com menos de um salário mínimo, 0,16% ganhe mais de R$15 mil por mês.

Nada contra quem ganha bem. O problema está nas estruturas responsáveis pela distribuição de renda da sociedade e nos números que não mentem e demonstram que, no Brasil, os brancos ganham cinco vezes mais do que os negros. Como resolver tal situação?

Dando mais dignidade a população - e não somente a parte dela; oferecendo boa formação a todos, pois já está mais do que provado que quem ganha mais tem mais chances de ter um bom emprego e uma remuneração digna; capacitando os jovens para as necessidades do mercado.

Resumindo: basta que os governos tenham vontade política sincera e compromisso com os deveres assumidos. Com as mesmas oportunidades, mais pessoas terão a chance - e com certeza a competência - de alcançarem o mesmo sucesso.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Frutos de um estado negligente


Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso em 
uma grande – e muito bem articulada – operação conjunta entre 
as polícias Militar, Civil e Federal. Os parabéns são justos e merecidos, 
especialmente aos, que com a honestidade que lhes cabe, não ousaram 
conseguir vantagens de tal situação.

Porém, os últimos fatos me fazem lembrar de coisas que 
não foram – e geralmente não são – noticiadas com tanto vigor e empenho. 
Ontem, ouvi um cabo da PM falando a TV, com muito orgulho por sinal, 
que “o meliante que tão mal fez à sociedade foi, enfim, capturado”.

Com o ‘enfim’ concordo plenamente. Afinal, há muitos anos a polícia 
sabe onde poderia tê-lo encontrado, assim como sabe onde anda 
boa parte dos criminosos, das drogas e das armas que circulam em nossas ruas. 
E se nada havia sido feito até então, a única justificativa é a falta de vontade.

Já sobre o tom da frase, eu e o cabo discordamos completamente. 
Quem ouve tais palavras, na forma como foram ditas, - e caso more, é claro, 
em Marte ou em Vênus – pode até pensar que os ‘meliantes’ simplesmente 
foram plantados no Rio de Janeiro.

Podem até esquecer que foi o próprio Estado, com o silêncio da sociedade, 
que contribuiu, e muito, para germinar tal situação, com a total ausência 
de Políticas Públicas e de investimentos para o exercício dos 
direitos básicos dos cidadãos.

E que, nessas terras sem leis e sem donos, os grupos foram 
se organizando e criando suas próprias regras, sua própria justiça e 
seus próprios meios de sobrevivência. Dá até para esquecer que onde 
o Estado não reina, o estado paralelo impera.